22 de março é o Dia Mundial da Água

A IMPORTÂNCIA DOS OCEANOS NA REGULAÇÃO DO CLIMA

Você sabia que os oceanos ajudam a controlar o clima do nosso planeta?

Ilanna Rêgo – Oceanógrafa

Os oceanos têm uma grande capacidade de absorver e guardar o calor do Sol. Isso, porque a água consegue segurar o calor por mais tempo do que o ar e do que o continente. Durante o dia, os oceanos absorvem o calor, e à noite, vão o liberando devagar. Isso ajuda a manter a temperatura do planeta mais equilibrada: evita que fique muito quente de dia ou muito frio à noite, impede variações bruscas de temperatura e garante um ambiente mais estável para a vida.

Além disso, os raios solares atingem a linha do Equador quase perpendicularmente, fazendo com que a energia solar fique mais concentrada em uma área menor. Já, nos trópicos e nas regiões polares, a luz solar incide em um ângulo mais inclinado, o que espalha a energia por uma área maior e reduz a intensidade do calor (Figura 1). Isso ocorre porque a Terra possui um formato esférico e uma inclinação em relação ao seu eixo central.

Figura 1. Representação do ângulo de incidência dos raios solares e espessura da atmosfera atravessada em diferentes lugares da superfície terrestre.

Fonte: https://pedromartins.comunidades.net/clima

Além disso, na linha do Equador, a variação da quantidade de radiação solar ao longo do ano é menor, enquanto nas regiões tropicais e polares as estações exercem maior influência na temperatura. Como resultado, o calor se acumula nos oceanos, principalmente, próximo à linha do Equador (Figura 2), já que essa região recebe a luz solar de forma mais direta ao longo do ano.

Figura 2. Distribuição global de temperatura dos oceanos.

Fonte: https://podaac.jpl.nasa.gov/

Nesse contexto, as correntes marítimas têm um papel essencial na redistribuição do calor, transportando-o da região equatorial para as áreas mais extremas do planeta. Isso ocorre por meio de dois principais tipos de circulação da água oceânica:

1) Circulação horizontal: representada pelas correntes marítimas superficiais (Figura 3) que são impulsionadas principalmente pelos ventos e carregam água quente das áreas próximas ao equador para regiões mais frias, como acontece com a Corrente do Golfo, que leva calor do Caribe para a Europa, o que ajuda a manter o clima mais ameno por lá.

Figura 3: Correntes marítimas superficiais.

Fonte: https://www.coladaweb.com/geografia/correntes-maritimas

2) Circulação vertical: conhecida como circulação termohalina (Figura 4), que é conduzida por diferenças de temperatura e salinidade da água. Ou seja, quando a água do oceano esfria e fica mais pesada, ela afunda e empurra a água quente para cima, criando um ciclo constante de movimentação. Esse processo mantém os oceanos sempre em movimento, transportando calor e nutrientes pelo mundo.

Figura 4: Circulação termohalina

Fonte: https://www.batepapocomnetuno.com/post/circula%C3%A7%C3%A3o-termohalina

Essas correntes oceânicas são vitais para a estabilidade climática ao longo do tempo e são sensíveis aos efeitos do aquecimento global. Por exemplo, o derretimento do gelo nas regiões polares, decorrente do aumento de temperatura, pode adicionar água doce em excesso ao oceano, diminuindo a circulação das correntes mais profundas e afetando o transporte de calor.

Um exemplo disso ocorreu há milhares de anos, entre cerca de 12.900 e 11.700 anos atrás, durante o Evento de Younger Dryas, quando uma mudança abrupta nas correntes oceânicas causou um resfriamento global significativo. Este evento se deu devido uma interrupção da Corrente do Golfo causado pelo grande volume de água doce liberado pelo derretimento das geleiras, o que reduziu a salinidade no Atlântico Norte. Nesse período, as temperaturas no hemisfério norte caíram drasticamente, especialmente na Europa e na América do Norte, tornando o clima mais frio e seco. Como resultado, o clima global sofreu uma mudança repentina, afetando ecossistemas, animais e a vida humana, já que algumas populações, como os caçadores-coletores da época, foram forçadas a se adaptar às novas condições ambientais.

Atualmente, cientistas alertam que o aquecimento global e o aumento do derretimento das calotas polares podem enfraquecer novamente essa circulação e trazer impactos climáticos severos.

O que podemos fazer para proteger os oceanos?

1. Reduzir o uso de plásticos: Evite plásticos descartáveis, como garrafas, sacolas e canudos. Prefira produtos reutilizáveis.
2. Reciclar corretamente: Separe os materiais recicláveis e incentive outros a fazerem o mesmo para diminuir a quantidade de lixo nos oceanos.
3. Usar transporte sustentável: Reduza as emissões de carbono, opte por transporte público, caronas ou bicicletas, e, se possível, veículos elétricos.
4. Consumir produtos de forma consciente: Escolha alimentos e produtos que respeitem práticas sustentáveis, como o consumo responsável de peixes e frutos do mar.
5. Participar de projetos de conservação marinha: Apoie ONGs e iniciativas que trabalham para proteger a vida marinha e os ecossistemas oceânicos.
6. Educar sobre a importância dos oceanos: Espalhe o conhecimento sobre a importância dos oceanos para o equilíbrio climático e compartilhe atitudes sustentáveis com amigos e familiares.
7. Evitar o desperdício de água: Reduza o consumo de água potável em casa para ajudar na preservação desse recurso valioso.
8. Plantar árvores: Árvores ajudam a absorver carbono, o que pode diminuir o impacto das mudanças climáticas e proteger os oceanos.
9. Evitar produtos químicos nocivos: Evite o uso de produtos de limpeza e cosméticos que contenham microplásticos ou produtos químicos prejudiciais aos oceanos.
10. Participar de limpezas de praias: Voluntarie-se em campanhas de limpeza de praias e oceanos, ajude a remover resíduos que podem prejudicar a vida marinha.

Cada pequena ação conta para proteger nossos oceanos e manter o equilíbrio do planeta!